Especialistas dos países do MERCOSUL debateram sobre as pedagogias da memória no âmbito da XLI RAADH

O Seminário Regional sobre “Pedagogias da Memória”, organizado pela Comissão Permanente de Educação e Cultura em Direitos Humanos e pela Comissão Permanente da Memória, Verdade e Justiça, foi realizado no âmbito da XLI Reunião de Altas Autoridades sobre Direitos Humanos (RAADH), convocada pela Argentina Pro Tempore do MERCOSUL.

Essa reunião, que ocorreu na sede do Instituto de Políticas Públicas em Direitos Humanos do MERCOSUL (IPPDH) e contou com a participação virtual de especialistas, buscou refletir sobre os desafios da transmissão de conhecimentos, em ambientes educacionais formais e não formais, sobre as violações de direitos humanos ocorridas na região durante a história recente, para a construção de uma cidadania democrática.

Os palestrantes discutiram suas experiências em estratégias educacionais e propostas pedagógicas para os diferentes níveis e modalidades de ensino, programas de treinamento e atualização de professores, pesquisa, design e desenvolvimento de materiais educacionais em diferentes formatos e mídias. Além disso, também compartilharam as atividades educacionais realizadas nos Espaços e Sítios de Memória em seus países e refletiram sobre a educação no campo da memória e as novas tecnologias de informação e comunicação.

Celeste Adamoli, Diretora de Educação para os Direitos Humanos, Gênero e ESI do Ministério da Educação da Argentina, destacou que o caminho percorrido nas pedagogias da memória é um caminho construído a partir do Estado, mas que hoje, quando se acredita que se consolidou um piso nessa questão, observa-se que há um crescimento do discurso de ódio e do negacionismo, de modo que o contexto exige o fortalecimento das políticas educacionais da memória. Considerou urgente a formação da cidadania democrática nas escolas.

Nilmário Miranda, Chefe da Assessoria Especial de Defesa da Democracia, Memória e Verdade do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania do Brasil, fez uma reflexão sobre o contexto brasileiro, assegurando que em seu país a agenda de direitos humanos está sendo retomada e que o governo brasileiro entende que não há inclusão para quem tem fome, e agora está trabalhando em um amplo quadro de ação para garantir todos os direitos humanos. Ele garantiu que o caminho será lento porque destruir é fácil e reconstruir é lento, mas será feito com a participação do povo, de todas as pessoas.

Do Paraguai, participou a especialista María Angelica Portilla, Chefa do Departamento de Capacitação da Direção Geral de Direitos Humanos do Ministério da Educação e Cultura, que contribuiu com sua experiência sobre pedagogias da memória no ensino médio, especificamente com o plano opcional denominado “Autoritarismo na História Recente do Paraguai”, com o qual se busca que os alunos analisem os impactos dos regimes autoritários, considerando que esse plano é uma resposta à necessidade de desenvolver uma consciência democrática e humanista em todos os atores da sociedade paraguaia.

Angélica María Ocampo Talero, assessora da Direção Geral de Pedagogia e Assuntos Transversais do Centro Nacional de Memória Histórica da Colômbia, concentrou sua apresentação na reflexão e no reconhecimento da tarefa urgente de transmissão e reconstrução intergeracional da memória histórica, como uma questão que não tem sido abordada quando se fala em estudos e pesquisas sobre o conflito armado na Colômbia. Ele assegura que o conflito armado não cessou e que o trabalho de transmissão e reconstrução intergeracional da memória histórica em meio ao conflito armado precisa ser feito.

Por último, Javier Palummo, chefe de pesquisa do IPPDH, refletiu sobre o forte vínculo entre a construção de instituições de direitos humanos e as questões de memória, verdade e justiça, afirmando que muitas das instituições da região expandiram suas atividades com base nas questões de memória, verdade e justiça.

Palummo também se referiu ao trabalho do IPPDH e afirmou que as pesquisas, os indicadores, as capacitações e outras ações do Instituto buscam gerar uma massa altamente profissionalizada para defender os resultados e a legitimidade das políticas públicas, assegurando que são necessários muitos perfis e competências para ampliar a ação do campo dos direitos humanos, entre esses perfis os que trabalham com a pedagogia da memória.

O seminário foi moderado por Lorena Battistiol, Diretora Nacional de Sítios e Espaços de Memória, Secretaria de Direitos Humanos do Ministério da Justiça e Direitos Humanos da Argentina.

O seminário foi transmitido nos canais da SDH e do IPPDH no YouTube e está disponível aqui: https://www.youtube.com/live/tArmU6p9Ak4?feature=share

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